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Homilia para o 5.º Domingo de Páscoa - ANO B
Homilia para o 5.º Domingo de Páscoa - ANO B

 

1.ª leit. Act 9,26-31; Sl 21, 26-32

2.ª Leit.1 Jo 3,18-24;  Evangelho Jo 15,1-8

O evangelho apresenta-nos a imagem, da vinha e da videira, muito  familiar às civilizações da margem do mar Mediterrâneo. Já no Antigo Testamento há referências à aliança de Deus, que é apresentado como viticultor e  Esposo - com o seu Povo . Israel é apresentado como vinha eleita, murada e amada, mas infecunda e infiel e, por isso, castigada. (Is 5, 1-7; 27, 2-5; Jer 2, 21; Ez 15, 1-17; 17, 3-10; Sl 79/80; cf. Mt 20, 1-8; 21, 28-41).           

Neste Evangelho de hoje Jesus diz-nos: «Eu sou a videira». Destacando-se da vinha infiel, Jesus apresenta-se como a verdadeira vide, a única que genuinamente dá os frutos esperados pelo Senhor da Vinha. Esta única videira, que é Ele,  é o princípio e o resumo da nova aliança que Ele explica melhor quando diz: «permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós», isto é, se quisermos dar frutos, como Deus quer temos de estar unidos a Jesus, porque sem Ele nada podemos fazer, ou seja, estar em Cristo e viver em Cristo

A grande insistência da leitura é a da união íntima do discípulo com Cristo: em 8 versículos repete-se por 5 vezes expressão «em Mim». Não se trata apenas de «seguir» a Cristo, de ser «d'Ele» e estar «com» Ele: ser cristão é «permanecer em» Cristo, estando «incorporado» n'Ele, «enxertado» n'Ele, enraizado n'Ele pela fé e pelo amor.     

Aliás, era assim que os primeiros cristãos viviam. Eram amigos, solidários uns com os outros e entre eles não havia ninguém necessitado. Era uma comunidade modelo que produzia frutos de santidade. Diz-nos a segunda leitura de hoje que: «A Igreja crescia com a assistência do Espírito Santo»

O Apóstolo Paulo, depois de convertido tornou-se um grande missionária, um verdadeiro  «Apóstolo das gentes». O trecho lido neste Domingo refere o regresso de Paulo a Jerusalém. É interessante notar que ele partiu de Jerusalém como perseguidor e regressou como Apóstolo. Por isso foi perseguido até pela desconfiança dos novos irmãos e pelo ódio dos antigos companheiros. Foi graças a um cristão convicto chamado Barnabé, que, ao lado de Paulo, teve um papel decisivo no crescimento da Igreja, e teve uma intervenção decisiva em ordem a afastar o clima de desconfiança dos cristãos em relação a Paulo. Foi graças a Barnabé que Paulo foi acolhido e reconhecido. Assim se edifica a paz da Igreja desde o início, confortada pelo Espírito: uma paz difícil que não se confundia com «estabilidade» ou imobilismo.
Como cristãos só tem sentido a nossa vida se de facto dermos frutos de acolhimento, de justiça, de perdão, de compreensão, de tolerância, etc. Mas é preciso não esquecer que só produzimos bons frutos se permanecermos unidos a Jesus. Caso contrário corremos o risco de produzirmos frutos amargos como o povo de Israel.  

Quem permanece em Cristo, dá frutos da mesma espécie que Cristo, isto é, ama «com factos e na verdade» (v. 18): tal é a essência da «moral pascal». São dois, portanto, os critérios para sabermos se o amor é autêntico: que se exprima em factos; que seja «verdadeiro». Para S. João a «verdade» consiste no acolhimento e seguimento de Cristo como Palavra  de Deus. Ora Cristo amou até ao dom da vida.       
Qualquer um de nós «sabe» que, desde o Baptismo fomos enxertados em Cristo e que estamos em Cristo e que Cristo está em nós se cumprirmos os- mandamentos, a fé e o amor – e se estivermos abertos : «ao Espírito que nos concedeu».

«Jesus diz: "Eu sou a cepa, vós as varas. Quando alguém permanece em Mim, e Eu nele, esse é que dá muito fruto, porque, sem Mim, nada podeis fazer» (Jo 15, 5). O fruto a que se faz referência nesta palavra é a santidade duma vida fecundada pela união a Cristo. Quando cremos em Jesus Cristo, comungamos nos seus mistérios e guardamos os seus mandamentos, e é Ele que vem em pessoa amar em nós seu Pai e seus irmãos, o nosso Pai e os nossos irmãos. O caminho a seguir por cada um de nós não pode, por isso, ser outro senão o de estarmos sempre unidos com Cristo para que a vida d’Ele circule em nós e possamos amar cada uma das outras pessoas como Ele as ama.

Lousã, P.Luís Pinho